domingo, 22 de maio de 2011

Armas para quem precisa

A campanha do desarmamento está aí, de vento em popa, apoiada por vários setores da sociedade, criticada por outros tantos. Eu sou pela proibição do comércio de armas de fogo. Tenho vários bons motivos para ter tomado esta decisão, mas vou citar apenas um: Arthur, meu filho.

Quando houve o referendo em 2005, eu levei Arthur, ainda na minha barriga e prestes a sair, para votar pelo “sim”, defendendo a proibição. Pesou e muito na minha análise o fato de estar grávida de um menino. Mãe de primeira viagem e, como quase todas as mães, com tendências ligeiramente superprotetoras, temi que meu filho virasse estatística. Os rapazes até 25 anos morrem muito mais que as moças. As duas principais causas: acidentes de trânsito e violência, com uso de armas de fogo. Esta última causa é muito complexa, já que parte significativa dos homicídios não é intencional e ocorre simplesmente porque alguém que perdeu o controle tinha uma arma a seu alcance. Muitas vezes brigas bobas no trânsito ou entre vizinhos acabam em tragédia. Também não são raros os disparos acidentais, principalmente com crianças, que encontram as armas dos pais. Sem falar nos suicídios.

Quanto aos acidentes automobilísticos, posso ensinar meu filho a adotar a direção defensiva e dar-lhe dicas sobre segurança no trânsito. No que diz respeito às armas de fogo, não adianta dizer para ter cuidado. Acredito piamente que restringir sua circulação e uso às forças militares e policiais ajuda a reduzir os riscos. E haja reza!

O código de trânsito atual, bem mais rigoroso que os anteriores, e a lei seca já ajudaram a diminuir os acidentes. Os números de homicídios com armas de fogo ainda tem que encolher. Uma política de segurança pública eficiente é fundamental para este esforço e a restrição às armas de fogo é apenas uma das ações. Mas é a que está mais próxima do alcance do cidadão comum.

Quando aconteceu o massacre da escola Tasso da Silveira, pouco mais de um mês atrás, o que me saltou aos olhos de início foi a facilidade de acesso do atirador às armas usadas no crime. São ilegais, claro, mas já estiveram, um dia, nas mãos de cidadãos ditos “de bem” – na maioria dos assaltos a civis, os ladrões sempre levam as armas que encontram.

Quando as crianças de Realengo foram mortas e feridas, meu filho estava em segurança no seu jardim de infância, sob a vigilância atenta de professoras e funcionárias. Mas ele vai crescer e terá que viver num mundo com muito menos proteção. Se este mundo tiver menos ameaças, melhor para ele e para meu coração de mãe.

Como cantou o pessoal d'O Rappa, "também morre quem atira". Na maioria das vezes, morre quem não teve sequer a chance de atirar. É preciso que todo mundo se lembre de que uma arma na mão é sempre um perigo. Independente do lado da lei em que está a pessoa que a empunha.





Aproveite e leia argumentos mais objetivos no blog do Fábio Pereira, e mais campanha pelo desarmamento no blog Costela Social, do Lelo de Brito.

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