sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vereador ameaçado de cassassão por transmitir sessão pelo Twitter

Danilo Funke está em seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Macaé, o rico município do Norte Fluminense onde fica a base da Petrobras. Ele transmitiu em seu Twitter algumas sessões da Câmara e foi suspenso pela Comissão de Ética da casa. Corre risco de cassação. Detalhe: nenhuma das votações transmitidas era secreta e qualquer cidadão poderia acompanhá-las no plenário.

O vereador nos concedeu uma entrevista onde explica o imbroglio político que está por trás da decisão extrema de seus pares.

Caso seja realmente cassado, Danilo será o primeiro vereador do estado quiçá, do país a perder o mandato como punição por um ato que não tem relação com improbidade, corrupção ou quebra de decoro parlamentar.

Deixemos que Danilo explique melhor. Clique e assista.


domingo, 22 de maio de 2011

Armas para quem precisa

A campanha do desarmamento está aí, de vento em popa, apoiada por vários setores da sociedade, criticada por outros tantos. Eu sou pela proibição do comércio de armas de fogo. Tenho vários bons motivos para ter tomado esta decisão, mas vou citar apenas um: Arthur, meu filho.

Quando houve o referendo em 2005, eu levei Arthur, ainda na minha barriga e prestes a sair, para votar pelo “sim”, defendendo a proibição. Pesou e muito na minha análise o fato de estar grávida de um menino. Mãe de primeira viagem e, como quase todas as mães, com tendências ligeiramente superprotetoras, temi que meu filho virasse estatística. Os rapazes até 25 anos morrem muito mais que as moças. As duas principais causas: acidentes de trânsito e violência, com uso de armas de fogo. Esta última causa é muito complexa, já que parte significativa dos homicídios não é intencional e ocorre simplesmente porque alguém que perdeu o controle tinha uma arma a seu alcance. Muitas vezes brigas bobas no trânsito ou entre vizinhos acabam em tragédia. Também não são raros os disparos acidentais, principalmente com crianças, que encontram as armas dos pais. Sem falar nos suicídios.

Quanto aos acidentes automobilísticos, posso ensinar meu filho a adotar a direção defensiva e dar-lhe dicas sobre segurança no trânsito. No que diz respeito às armas de fogo, não adianta dizer para ter cuidado. Acredito piamente que restringir sua circulação e uso às forças militares e policiais ajuda a reduzir os riscos. E haja reza!

O código de trânsito atual, bem mais rigoroso que os anteriores, e a lei seca já ajudaram a diminuir os acidentes. Os números de homicídios com armas de fogo ainda tem que encolher. Uma política de segurança pública eficiente é fundamental para este esforço e a restrição às armas de fogo é apenas uma das ações. Mas é a que está mais próxima do alcance do cidadão comum.

Quando aconteceu o massacre da escola Tasso da Silveira, pouco mais de um mês atrás, o que me saltou aos olhos de início foi a facilidade de acesso do atirador às armas usadas no crime. São ilegais, claro, mas já estiveram, um dia, nas mãos de cidadãos ditos “de bem” – na maioria dos assaltos a civis, os ladrões sempre levam as armas que encontram.

Quando as crianças de Realengo foram mortas e feridas, meu filho estava em segurança no seu jardim de infância, sob a vigilância atenta de professoras e funcionárias. Mas ele vai crescer e terá que viver num mundo com muito menos proteção. Se este mundo tiver menos ameaças, melhor para ele e para meu coração de mãe.

Como cantou o pessoal d'O Rappa, "também morre quem atira". Na maioria das vezes, morre quem não teve sequer a chance de atirar. É preciso que todo mundo se lembre de que uma arma na mão é sempre um perigo. Independente do lado da lei em que está a pessoa que a empunha.





Aproveite e leia argumentos mais objetivos no blog do Fábio Pereira, e mais campanha pelo desarmamento no blog Costela Social, do Lelo de Brito.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ainda o 13 de Maio: Mesma data, novo significado

Foi-se o tempo em que o 13 de maio era comemorado com festa e Isabel, a regente que assinou a abolição, reverenciada como “A Redentora”. Foi nos idos dos anos 70 que Abdias do Nascimento e outros ativistas do movimento negro propuseram o 20 de novembro, morte de Zumbi dos Palmares, para ser a data máxima dos afrodescendentes brasileiros. Desde então, o 13 de maio perdeu importância e foi quase esquecido.

Boas razões não faltaram, já que, libertos, os negros ficaram ao “Deus-dará”. Levaram um bom pé nas nádegas – ou bunda, em bom Yorubá. Correram, então, para os lugares desabitados – e indesejados – onde construíram suas malocas de pau a pique e sapê, nome e técnica aprendidas com os índios. Inventaram, assim, a favela, substituta da senzala na precariedade da moradia e no pânico da classe branca dominante. A lei 3.353, chamada Áurea por ter sido sancionada com uma caneta de ouro, criou a miséria. Por este e por outros fortes motivos, a nossa abolição, que foi a última das Américas, é considerada incompleta.

Mas não se pode enterrar o passado já que ele, como os pneus velhos, tende a voltar à tona um dia. Sepultar o 13 de maio não mudou a vida de ninguém para melhor, mas também não se podia voltar a celebrar a abolição legal como se fazia antes. O jeito foi mudar a forma de lidar com a data.

Ideia acertada. Mas como dar novo significado a um fato histórico? Simples e complicado ao mesmo tempo: mudando o enfoque. Hoje, os escravos são vistos como o que foram: os primeiros trabalhadores do Brasil, já que o país foi construído com mão de obra africana. Então, nada mais justo que render homenagem aos escravizados. O 13 de maio deixou de ser um dia de festa para se tornar uma data de reflexão. E refletir, revisitar, reavaliar o passado é sempre um exercício saudável para evitar que se cometa os mesmos erros e se busque soluções para os problemas pendentes.

Então, todo ano, no dia 13 de maio, abracemos as ações compensatórias: se nada foi feito pelos escravizados, que se faça algo, agora, por seus descendentes. Vamos discutir, debater, defender as políticas de cotas, o combate ao racismo, o cuidado específico de saúde para a população negra, as ações afirmativas em geral. E não deixemos que brasileiro algum – branco, negro, indígena, puro ou mestiço – esqueça que, sem os africanos, o Brasil como o conhecemos não existiria.

sábado, 14 de maio de 2011

2ª Caminhada Noturna do 13 de Maio

Afoxé Filhos de Gandhy

Praça Barão de Tefé - Ponto de encontro







Posted by Picasa

13 de maio

As baianas da foto são do Afoxé Filhos de Gandhy, "filial" carioca. Participaram da II Caminhada Noturna do 13 de maio, promovida pela CUT-RJ. A data da assinatura da Lei Áurea foi questionada por muito tempo pelo movimento negro, que sempre defendeu -- e acabou emplacando -- o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, como a data de referência dos afrodescendentes brasileiros.

A foto eu fiz com a câmera do meu celular. A qualidade é aquilo, foto noturna com o flash de um aparelho que até faz fotos, mas não foi feito pra isso. Mas o que eu gosto é do conteúdo.

Engraçado que eu e o Paulo temos olhares completamente diferentes. Ele tem técnica e equipamento, eu aprendi pouco e mal, e fotografo com câmeras compactas e com celulares. O legal é ver como, do mesmo assunto, fazemos imagens tão diversas.

Amanhã escrevo mais sobre a Caminhada. Paulo vai postar fotos, que ele participou. Essa aí ao lado foi só pra não deixar a data passar. E pra quem valoriza e respeita a história do povo negro do Brasil saber que a data não foi esquecida.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pra começo de conversa

Este blog é produzido por um fotógrafo e uma jornalista que não se contentam em cumprir as pautas do dia a dia do trabalho. Muita coisa nesse mundo nos incomoda e sentimos necessidade de fazer mais. De mostrar e relatar o que ficou de fora das reportagens. A pauta ampliada.
As fotos são de Paulo d´Tarso. Os textos, de Renata Silver. Mas nada impede que Renata fotografe e Paulo escreva. Aqui, os incomodados não precisam se mudar. Precisam publicar.